sexta-feira, 27 de março de 2009

Aula 2 - Variação Linguística - 12/03/2009


Toda língua possui variações lingüísticas. Elas podem ser entendidas por meio de sua história no tempo (variação histórica) e no espaço (variação regional). As variações lingüísticas podem ser compreendidas a partir de três diferentes fenômenos.

1) Em sociedades complexas convivem variedades lingüísticas diferentes, usadas por diferentes grupos sociais, com diferentes acessos à educação formal; note que as diferenças tendem a ser maiores na língua falada que na língua escrita.

2) Pessoas de mesmo grupo social expressam-se com falas diferentes de acordo com as diferentes situações de uso, sejam situações formais, informais ou de outro tipo;

3) Há falares específicos para grupos específicos, como profissionais de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo), jovens, grupos marginalizados e outros. São as gírias e jargões (saiba mais http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u80.jhtm).

Variações regionais: os sotaques

Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.

Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação lingüística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.

Antigamente
"Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.

Língua e status

Nem todas as variações lingüísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para percebers que há preconceito em relação a elas.

Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

O Poeta da Roça
Sou fio das mata, canto da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
(...)

Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.

Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.

Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades lingüísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações lingüísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito lingüístico.

(Alfredina Nery)

Língua escrita e língua oral
Não se fala como se escreve
Alfredina Nery*

"Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala."

Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê.

O comentário é do humorista Jô Soares, para a revista Veja. Ele brinca com a diferença entre o português falado e escrito. Na verdade, em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de outro. A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua e é com esse fato que o Jô brincou.

Na língua escrita há mais exigências, em relação às regras da gramática normativa. Isso acontece porque, ao falar, as pessoas podem ainda recorrer a outros recursos para que a comunicação ocorra - pode-se pedir que se repita o que foi dito, há os gestos, etc. Já na linguagem escrita, a interação é mais complicada, o que torna necessário assegurar que o texto escrito dê conta da comunicação.

A escrita não reflete a fala individual de ninguém e de nenhum grupo social. Por essa razão, a fala e a escrita exigem conhecimentos diferentes. A maioria de nós, brasileiros, falamos, por exemplo, "Eli me ensinô". O português na variante padrão exige, no entanto, que se escreva assim: "Ele me ensinou". Essas diferenças geram muitos conflitos.

A leitura de um trecho do poema de Antonino Sales, "Malinculia", mostra as interferências da fala na escrita e como elas não anulam a expressividade poética de suas imagens.

Malinculia, Patrão, É um suspiro maguado Qui nace no coração! É o grito safucado Duma sodade iscundida Qui nos fala do passado Sem se torná cunhicida! É aquilo qui se sente Sem se pudê ispricá! Qui fala dentro da gente Mas qui não diz onde istá! (...)

(BAGNO, Marcos. "A Língua de Eulália: Uma Novela Sociolingüística)

A língua muda, ainda, conforme o grupo social, a região, e o contexto histórico. São as chamadas variações lingüísticas. A gíria e o jargão são algumas dessas variações.

O que é texto?

"Um texto é uma ocorrência lingüística, escrita ou falada de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal. É uma unidade de linguagem em uso."

A linguagem

FORMAL: segue a norma culta e é usada em situações formais, como no momento em que nos comunicamos com uma autoridade.

INFORMAL: apresenta uma estrutura mais solta, em que é possível usar até mesmo gírias e repetições, é usada em situações informais, como numa conversa entre amigos.

Tipos de texto

INSTRUCIONAL

São produzidos com o intuito de ensinar o leitor.

DESCRITIVOS

São textos que visam fazer uma espécie de fotografia verbal para o leitor.

TEXTO INFORMATIVO

Os textos informativos visam informar ou contextualizar o leitor a respeito de um tema

TEXTOS JORNALÍSTICOS

O texto jornalístico pode ser facilmente confundido com o informativo, uma vez que também busca informar, no entanto, este gênero é constituído no interior de revistas, jornais, programas televisivos.

TEXTOS TÉCNICOS

São textos empregados, freqüentemente, em comunicações oficiais dos mais diversos órgãos, por exemplo, requerimentos, ofícios, memorandos, atas, currículos, cartas comerciais.

TEXTO PERSUASIVO

São textos que possuem função apelativa muito forte, ou seja, caracterizam pelo forte apelo ao leitor, buscando ademais de chamar sua atenção, interferir em sua vontade e levá-lo a uma ação específica

TEXTO NARRATIVO

São textos que têm por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de linearidade com o tempo real.

TEXTO DISSERTATIVO

A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de uma determinada idéia. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza, coerência, objetividade na exposição, um planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão

TEXTO LITERÁRIO

O texto literário não tem função de informar ao leitor, ou seja, ele não possui, obrigatoriamente, uma ligação com a realidade exterior.

São textos que representam manifestações artísticas, ou seja, procuram produzir um efeito estético, ou seja, quando proporciona uma sensação de prazer e emoção no receptor.

domingo, 8 de março de 2009

T 1 2°s Colegiais

Queridos alunos lindos!
Tudo bom?
Abaixo seguem os exercícios referentes ao Trabalho do Bimestre. Eles devem ser entregues, se impressos, numa folha com o logo do colégio mais nome, número e série.
Caso não façam impresso, não aceitarei em folha de caderno. Utilizem papel almaço.
Sim! Devem ser feitos a caneta.
E só para lembrar, a entrega é para o dia 26/03, tanto para o 2°B, 2° C e 2° D.
Qualquer dúvida me mandem email ou me procurem
Abraço a todos

Prof. Vivian

1- Preencha os espaços com os pronomes pessoais oblíquos de terceira pessoa adequados:

a) Há profissões muito desvalorizadas no mercado: ninguém aspira________

b) Entrou em cartaz um filme que trata de um julgamento por discriminação racial: meus amigos que ________ assistiram gostaram.

c) Não ________ agradou a forma como o advogado conduziu a defesa.

d) A polícia informou ________ de que o político não podia deixar o país.

e) Já ________avisei que não há vagas.

f) Desisti desta vaga: visei________durante muitos anos.

g) O advogado está irritado: o cliente não ________obedeceu.


2- (CESGRANRIO) Assinale a alternativa em que a lacuna não pode ser

corretamente preenchida pela preposição entre parênteses:

a) Era Isaura a escrava ____ quem Álvaro se havia referido com enorme carinho. (a)

b) Era Isaura a escrava ____ quem Álvaro havia lutado com todas as suas forças. (por)

c) Era Isaura a escrava____ quem Álvaro havia trazido a esperança de liberdade. (para)

d) Era Isaura a escrava____ quem Álvaro havia conversado durante toda a tarde. (com)

e) Era Isaura a escrava ____ quem Álvaro havia oferecido seus préstimos. (de)

Justifique o uso adequado: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________


3- (MACK – SP/ ADAPTADA) Empregue corretamente o pronome relativo nestes períodos:

I – O desafio _______que me refiro é tão ambicioso quanto os objetivos _______você visa.

II – As promessas _______ela duvidava não eram piores do que os sonhos _______ela sempre se lembrava.

III – Já foi determinada a casa _______ficaremos alojados, é o lugar ______iremos no começo das férias.

IV – O desagradável incidente _______você aludiu hoje á tarde revela-nos segredos _______ nunca tivemos acesso.

V – Os alunos _______ notas estão aqui devem pedir perdão à professora _______ desobedeceram.


4- As frases que seguem são comuns na língua popular. Transcreva-as, adaptando-as à norma culta.

a) Todo político visa apenas os seus interesses.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________b) Ninguém conseguiu assistir o jogo, sentado.

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c) O jornal vinha informando seus leitores que as condições das estradas eram precárias.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________

d) Ninguém lhe avisou de nada.

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e) Discurso de político não agrada ninguém.

__________________________________________________________________________________________________________________________________________

f) À noite, em São Paulo, ninguém obedece farol vermelho.

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5- Assinale a alternativa em que a regência verbal esta em desacordo com a norma culta e re-escreva segundo as normas gramaticais.

a) Não o informaram de que eu viria?

b) Não lhe informaram que eu viria?

c) Não lhe informaram de que eu viria?

d) Não desobedeça ao juiz.

e) O chefe desta repartição era enérgico e ninguém lhe desobedecia.

Reescrevendo temos:

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6- Assinale a alternativa em que a regência verbal este em desacordo com a norma culta e a re-escreva segundo as normas gramaticais:

a) A iniciativa da acusação desagradou ao cliente.

b) Os familiares da vítima aspiram a um resultado justo.

c) Uma equipe de advogados assiste ao acusado.

d) O advogado inescrupuloso visa somente seus próprios interesses.

e) O povo assistiu perplexo ao julgamento.

Reescrevendo temos:

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7- Há muita confusão entre aonde e onde. Um exemplo é uma letra de Belchior, “Divina Comédia Humana”, na qual ele diz:
“.... viver a Divina Comédia Humana onde nada é eterno....”
Neste caso o uso de aonde está correto? Justifique.

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8- Pesquise um texto seja ele música, poema, conto ou propaganda, no qual o uso de onde ou aonde esteja equivocado, justifique o possível motivo do erro, explique como deveria se apresentar a oração e re-escreva adequadamente. Vale lembrar aqui, que não serão aceitos exemplos utilizados em sala de aula e que o texto deve ser aqui apresentado.

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

De novo... A reforma ortográfica.


Fazia um bom tempo que não se ouvia tantas discussões a respeito da Língua Portuguesa. Todos esses comentários se devem a reforma ortográfica. Mas o que é essa tal reforma? Qual o seu objetivo?


A reforma ortográfica foi um acordo assinado pelos países da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa): Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné-Bissau, que visa estabelecer normas comuns para a ortografia do idioma.

As novas normas passaram a ser utilizadas, de modo facultativo, a partir do dia 1° de janeiro deste ano, sendo estipulado dezembro de 2012 como fim do período de transição para o uso das novas regras gramaticais. Até então, conviveremos com duas ortografias.

No estado de São Paulo, a Secretaria de Educação está preparando um "pacote" de medidas que visa inserir, a partir deste ano, a nova regra em todas as escolas.

Aqui no blog, umas das primerias postagens, mostra algumas das principais regras e abaixo seguem indicações bibliográficas e links com artigos que esclarecem melhor todas as problemáticas que envolvem essa questão.


Instituto Houaiss. Escrevendo Pela Nova Ortografia. Como Usar as Regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 1. ed. São Paulo: Pubifolha, 2008.

AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. Redigida de Acordo com a Nova Ortografia. São Paulo: Publifolha, 2009.



quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Leitura Obrigatória da Fuvest 2010


Segue a nova lista da fuvest:

O Cortiço, de Aluísio Azevedo
Capitães da Areia, de Jorge Amado
Antologia Poética (com base na 2ª edição aumentada), de Vinícius de Moraes"
Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente;
Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida;
Iracema, de José de Alencar;
Dom Casmurro, de Machado de Assis;
A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós;
Vidas Secas, de Graciliano Ramos;

O que mudou em relação a 2009: saiu Sagarana, de Guimarães Rosa, A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade e Poemas completos de Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa para entrar as três primeiras obras da lista acima citada.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Olha eles!



Não é que dois alunos do cursinho foram parar na páginas do uol?
Olha que legal... A Ariadne super concentrada e o Danilo dando dicas de como se manter tranquilo durante a prova.

Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!


Ariadne http://www.abril.com.br/fotos/terceiro-dia-geografia-biologia/?ft=fuvest-2009-terceiro-dia-12g.jpg

Danilo http://www.abril.com.br/fotos/segundo-dia-quimica-historia/?ft=fuvest-segundo-dia-segunda-fase-6g.jpg